quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mais sobre Construtivismo

Abaixo, trecho de entrevista que o matemático e neurocientista francês Stanislas Dehaene deu à revista Época sobre funcionamento cerebral e leitura. Nela Daheane condena o uso de métodos globais (aqueles que partem do todo para as partes) em alfabetização.

"ÉPOCA – No Brasil, o construtivismo, que segue as premissas do método global para a alfabetização, é amplamente disseminado. Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene – Verificamos em pesquisa com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. No português, a criança aprende primeiro a combinação de consoantes e vogais. A próxima etapa é entender a combinação entre duas consoantes e uma vogal, como o “vra” de palavra. Essa composição de formas, do menor para o maior, é feita no lado esquerdo do cérebro. Quando se usam metodologias para a alfabetização que seguem o método global, no qual a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer os símbolos, o lado direito é ativado. Mas a deco-dificação dos símbolos terá de chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. É um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro. Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo. Crianças com dislexia que começam a treinar o lado esquerdo do cérebro têm muito mais chances de superar a dificuldade no aprendizado da leitura."

Leia a entrevista na íntegra

Desconstruíndo o Construtivismo

Quero recomendar aos professores do ensino básico e aos pais de alunos a leitura do artigo do professor Luiz Carlos Faria da Silva sobre a alfabetização de crianças nas escolas brasileiras.

Em várias oportunidades, o filósofo e jornalista Olavo de Carvalho recomendou aos interessados em educação escolar a leitura dos escritos do professor Luiz Carlos Faria.

Luiz Carlos, titular do Departamento de Fundamentos de Educação da Universidade Estadual de Maringá, é especialista em alfabetização e grande crítico do método construtivista de ensino.

Alguém pode estar se perguntando o que um professor de História estaria pretendendo ao abordar o tema 'alfabetização'.

É simples. Os professores dos anos finais do Ensino Fundamental precisam tomar parte das discussões sobre alfabetização uma vez que o domínio da leitura e da escrita é condição para o estudo mais aprofundado de disciplinas como História, Geografia, Língua Portuguesa etc.

Não há, suponho, professor dos anos finais que ainda não tenha constatado na prática o grande percentual de analfabetos funcionais entre seus alunos; que já não tenha, por indução, notado a generalidade do fenômeno.

Mas, o que estaria provocando essa situação geral?

O professor Luiz Carlos Faria da Silva vê na hegemonia do método construtivista entre docentes dos anos iniciais e o abandono do método fônico pelos alfabetizadores a principal causa.

"A escola brasileira em geral não sabe mais ensinar a ler. O país joga uma montanha de dinheiro fora. Enquanto não reaprendem a ensinar crianças a ler, vão aumentando o número de dias letivos, fazer Ensino Fundamental de 9 anos, escola de tempo integral. Mais aula e mais tempo de permanência numa escola ineficaz para ensinar a ler significa mais dinheiro malbaratado. E a sociedade inchará ainda mais com gente que desiste da escola, que não encontra nela nenhum valor e utilidade social pelos quais valha a pena lá permanecer.", diz o professor.

Leia o texto na íntegra